Não estamos
bem certos do que realmente significa ser como Cristo. Não sabemos bem o que
significa enxergar com os olhos dele, ouvir com seus ouvidos, sentir com seu
coração. Às vezes, gostaria de saber. Às vezes, fico pensando como é desejar
uma única coisa, sem distração na mente ou divisão no coração. Querer apenas
aquilo que o Pai quer. Falar apenas aquilo que o Pai ensinou. Fico imaginando
como é esvaziar-me de mim mesmo como Jesus fez. Entregar-me como ele se
entregou. Sacrificar a mim mesmo como ele fez.
Até que Cristo volte para restabelecer
seu reino sobre a terra, Deus está restaurando seu domínio neste mundo rebelde,
uma pessoa por vez, uma família por vez, uma igreja por vez. Por ora, o domínio
de Deus está sobre aqueles que ostentam sua imagem, aqueles cuja vida reflete
seu amor, sua sabedoria, sua compreensão, sua compaixão, seu perdão, sua
humildade, sua bondade.
É claro que nem todos aqueles que
carregam o nome de Cristo ostentam sua imagem. Existe uma diferença entre ser
cristão e ser conforme a imagem de Cristo. Tornar-se cristão acontece quando,
por assim dizer, uma pedra é libertada da montanha. Várias coisas ocorrem
antes, em preparação para esse momento, como a perfuração de buracos e a
colocação de cunhas, mas, por fim, uma última fissura libera a pedra. Pode ser
um momento de fragmentação, no qual a última rachadura reverbera por toda a
pedreira. Ou um momento silencioso no qual a última rachadura é tão leve que
passa despercebida. Seja como for, há um instante em que a pedra se solta.
Ou seja, fica livre da montanha.
Mas não de si mesma.
Conformar-se à imagem de Cristo é o
processo que Deus usa para libertar a pedra de si mesma. Paulo o expõe em
Romanos 8:28-29:
Sabemos que Deus age em todas as coisas para o
bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.
Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos.
Deus
usa as circunstâncias de nossa vida – todas
as circunstâncias de nossa vida – como ferramentas. Ele cuida de sua obra
da mesma maneira que Michelangelo cuidava da dele. Dentro da pedra tosca de nós
mesmos está presa a imagem de Cristo. Para libertar a imagem, ele arranca tudo
que não é Jesus.