29 de jul. de 2011


Jesus Cristo não é apenas o centro do evangelho, mas é todo o evangelho. Os quatro evangelistas nunca se concentram em outra personalidade. Personagens marginais permanecem na periferia, e não se permite mais ninguém tomar o centro do palco. Vários indivíduos são apresentados somente para interrogar, responder ou reagir a Jesus. Nicodemos, a mulher samaritana, Pedro, Tomé, Caifás, Pilatos e muitos outros são secundários em relação à pessoa de Jesus.
E é assim que deve ser, pois o Novo Testamento é uma visão da salvação. Quando baixar a última cortina, Jesus eclipsará todas as pessoas famosas e poderosas que já viveram. Cada homem e cada mulher serão considerados conforme sua resposta a Jesus. Segundo escreveu T. S. Eliot: “Ó minha alma, [...] prepara-te para quem sabe como questionar”.
No homem Jesus há como uma absoluta compatibilidade de propósitos em relação a Deus. No entanto, aqui está em questão mais do que conhecimento e ligação afetiva: Jesus vive para esclarecer o reino de Deus e a vida no reino de Deus.
- A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra. (João 4.34)
- As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra. (João 14.10)
- Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua. (Lucas 22.42)
E no templo, Jesus responde de forma lacônica à sua mãe: “Por que vocês estavam me procurando?” (Lc. 2.49). Outra passagem é ainda mais básica. Jesus estava ensinando, cercado por um grupo de ouvintes. Alguém o tocou: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram”. E ele, que sabia muito bem quem era a sua mãe, retrucou com a mesma profundidade que marcou sua vida na terra: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”. Jesus fez uma pausa, olhou os que estavam sentados ao seu redor e continuou: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc. 3.31-35).
Não devemos permitir que essas palavras sejam interpretadas como alegoria. A vontade de Deus é uma realidade. É como um rio de vida partindo de Deus em direção a Jesus – uma circulação sanguínea da qual ele recebe vida de maneira mais profunda e poderosa do que a recebida de sua mãe. E quem estiver pronto para fazer a vontade de Deus se torna parte dessa circulação sanguínea.
O crente, o homem que faz a vontade divina, está unido à vida de Cristo Jesus de forma ainda mais verdadeira, mais profunda e mais forte do que Jesus esteve unido à sua mãe. Percebemos aqui uma falta absoluta de sentimentalismo humano em Jesus. Os dois focos de seu ministério são Deus e ele próprio. Insistamos mais uma vez: É ASSIM QUE DEVE SER.

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