6 de nov. de 2009

IGREJA - O lugar do amor na comunhão

É inegável que o amor ocupa um lugar de destaque na vida cristã. A primeira indicação explicita da primazia do amor é encontrada no livro de Levítico 19:18 "Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor". Jesus resumiu toda a moralidade do Antigo Testamento nos dois mandamentos de amar a Deus e ao próximo. E, seguindo o mesmo raciocínio, Paulo afirmou: "Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Gl. 5:14) e "... pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei" (Rm. 13:8b).
Não é difícil perceber que o amor é a virtude cristã por excelência. O amor como atitude é expresso concretamente na busca do bem dos outros, enquanto indivíduos ou grupos, em suas mais variadas expressões e necessidades. Nesse particular, a ética do amor se opõe ao legalismo formalista (que prioriza as tradições humanas em vez da pessoa humana), ao mero sentimentalismo (que se restringe apenas à subjetividade sem ação) e ao egoísmo (que vê o ser humano como um meio e não como um fim).
A mensagem destoa da prática da sociedade comum por ser efeito do impacto da graça de Deus sobre os redimidos. Como comunidade de fé, a igreja propõe algo mais do que apenas um elevado padrão individual de conduta. O cristão, alicerçado e alimentado pela graça, vê no seu dever para com os homens uma parte integrante do seu dever para com Deus, ou seja, ele tem como motivação, primeiramente, o amor a Deus que transforma o intelecto, a emoção e a vontade humana, e se expressa no amor ao próximo.
Dentre os fatores que fundamentam o requerimento de um amor universal, podem ser destacados os seguintes:
1) A origem comum decorrente da criação;
2) A natureza da graça comum;
3) A universalidade do amor redentor de Deus;
4) O apelo divino quanto ao julgamento final e à recompensa escatológica. Portanto, como um dos distintivos da ética cristã, o princípio universal do amor se dirige ao mundo como um todo e não apenas à comunidade dos iguais na fé.
Diferentemente da sociedade contemporânea, a igreja é chamada a olhar para além da diferença, para a raça humana inteira sem nenhuma exceção. Por isso, na ética do amor, o cristão vai de encontro à prática cotidiana da sociedade e se move, misericordiosamente, na direção de todos os homens porque, diante da cruz, não existem cristãos sem pecados, nem pecadores sem passado.

(Trancrito de Atualidades 2008)

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